ARQUEOLOGIA IBEROAMERICANA - ISSN 1989-4104
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Pedra do Cantagalo I: uma síntese das pesquisas arqueológicas

Luis Carlos Duarte Cavalcante,* Andrews Araújo Rodrigues,*
Elnathan Nícolas Lima da Costa,* Heralda Kelis Sousa Bezerra da Silva,*
Pablo Roggers Amaral Rodrigues,* Petherson Farias de Oliveira,*
Yana Raquel Viana Alves* e José Domingos Fabris**
* Universidade Federal do Piauí, Brasil; ** Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Brasil


Resumo
Este artigo apresenta uma breve revisão das pesquisas arqueológicas realizadas no sítio Pedra do Cantagalo I, patrimônio pré-histórico localizado na área rural do município de Piripiri, estado do Piauí, Brasil. O abrigo arenítico revelou uma excepcional coleção de mais de 1.900 pinturas rupestres, gravuras rupestres, líticos lascados, líticos polidos, materiais cerâmicos e pigmentos minerais (ocres avermelhados). As pinturas rupestres consistem de grafismos geométricos, carimbos de mãos humanas, motivos antropomórficos e zoomórficos, pintados em amarelo, preto, cinza, branco, alaranjado e em diferentes tonalidades de vermelho.

Palavras-chave
Pintura rupestre, gravura rupestre, lítico, cerâmica, patrimônio arqueológico.

Datas
Recebido: 6-9-2014. Aceito: 17-9-2014. Publicado: 24-9-2014.

Como citar
Duarte Cavalcante, L. C., A. Araújo Rodrigues, E. Nícolas Lima da Costa, H. K. Sousa Bezerra da Silva, P. R. Amaral Rodrigues, P. Farias de Oliveira, Y. R. Viana Alves e J. Domingos Fabris. 2014. Pedra do Cantagalo I: uma síntese das pesquisas arqueológicas. Arqueología Iberoamericana 23: 45-60. URL: http://www.laiesken.net/arqueologia/archivo/2014/23/3.
PURL: http://purl.org/aia/233.

Considerações finais
As pesquisas têm demonstrado que o abrigo Pedra do Cantagalo I é um sítio arqueológico pré-colonial excepcional e o seu grande tamanho e quantidade significativamente elevada de registros rupestres pintados e gravados, além das recorrências dos motivos representados e da frequente sobreposição dos grafismos e cores, permitem classificá-lo como sítio tipo, a partir do qual a atividade pictórica teria se difundido para as áreas do entorno.
A existência de ocres avermelhados nos sedimentos superficiais do abrigo, de um moedor com resíduos de pigmentos amarelo e vermelho e a evidenciação de numerosos pilões no piso rochoso da área abrigada permitem inferir que os pigmentos eram preparados no próprio abrigo. Os pilões também poderiam ter sido utilizados para preparar ervas e/ou para macerar vegetais.
A identificação de material magnético entre os constituintes da tinta preta permite levantar a hipótese de que possa ter ocorrido aquecimento na preparação dos pigmentos, aspecto que precisa ser melhor avaliado e que deve ser respondido brevemente com a análise de novas amostras de ocre já coletadas em estratigrafia.
Igualmente, a constatação da existência de materiais líticos lascados e polidos, bem como de restos cerâmicos, associados aos demais vestígios já reportados, são fortes indicativos de que o sítio era intensamente ocupado na pré-história.
Os projetos de pesquisa que têm sido e/ou que estão sendo empreendidos no sítio em questão permitiram uma saudável interação entre estudantes de graduação e de pós-graduação da Universidade Federal do Piauí, resultando em iniciações científicas, trabalhos de conclusão de curso da graduação em Arqueologia e Conservação de Arte Rupestre e em projetos do Mestrado em Arqueologia da mesma instituição, portanto na formação de recursos humanos em diferentes esferas.

Agradecimentos
Os autores são gratos ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo apoio financeiro (processos 487148/2013-4 e 305755/2013-7) e pela concessão das bolsas de IC a Heralda K. S. B. da Silva (processo 124629/2013-0) e a Elnathan N. L. da Costa (processo 122182/2014-6); à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela concessão das bolsas de Mestrado a Andrews A. Rodrigues e a Pablo R. A. Rodrigues; à Universidade Federal do Piauí pela concessão da bolsa de IC a Yana R. V. Alves e pelo transporte em algumas viagens de campo; à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) pelos auxílios financeiros, que possibilitaram a compra de vários equipamentos da UFMG que foram utilizados na investigação de amostras do sítio Pedra do Cantagalo I; ao Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN) pelas análises com EDXRF, e à CAPES (PVNS a J. D. Fabris, na UFVJM).

Sobre os autores
Luis Carlos Duarte Cavalcante é professor da Graduação em Arqueologia e Conservação de Arte Rupestre e do Mestrado em Arqueologia da Universidade Federal do Piauí. Tem Graduação e Mestrado em Química pela Universidade Federal do Piauí, e Doutorado em Ciências (Química), com tese em arqueometria, pela Universidade Federal de Minas Gerais. Tem 48 artigos científicos publicados em periódicos nacionais e internacionais. Sua Dissertação de Mestrado foi considerada significativa contribuição para a Arqueoquímica no Brasil. E-mail: cavalcanteufpi@yahoo.com.br.
Andrews Araújo Rodrigues é Bacharel em Arqueologia e Conservação de Arte Rupestre e aluno do Mestrado em Arqueologia pela Universidade Federal do Piauí.
Elnathan Nícolas Lima da Costa é aluno de Graduação em Arqueologia e Conservação de Arte Rupestre pela Universidade Federal do Piauí.
Heralda Kelis Sousa Bezerra da Silva é aluna de Graduação em Arqueologia e Conservação de Arte Rupestre pela Universidade Federal do Piauí.
Pablo Roggers Amaral Rodrigues é Bacharel em Arqueologia e Conservação de Arte Rupestre e Mestre em Arqueologia pela Universidade Federal do Piauí.
Petherson Farias de Oliveira é Bacharel em Arqueologia e Conservação de Arte Rupestre pela Universidade Federal do Piauí.
Yana Raquel Viana Alves é aluna de Graduação em Arqueologia e Conservação de Arte Rupestre pela Universidade Federal do Piauí.
José Domingos Fabris é professor titular aposentado do Departamento de Química da Universidade Federal de Minas Gerais. Atualmente é Professor Visitante Nacional Sênior na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri e tem Doutorado em Ciências (Química) pela Universidade Federal de Minas Gerais. É bolsista de Produtividade em Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e tem mais de 150 artigos científicos publicados em periódicos nacionais e internacionais.

CITADO POR

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